

Por um bom tempo teremos lançamentos anuais de Star Wars. Ano passado tivemos o prazer de conferir o espetacular Despertar da Força, 7º filme da franquia, com uma história que não deixou a desejar. Em 2016, temos o curioso Rogue One: Uma História Star Wars, um spin-off que se passa entre o 3º e o 4º filme.
Confira a seguir nossa opinião a respeito de um dos filmes mais esperados do ano.
Narrativa e encaixe no universo
Por não fazer parte da ordem cronológica de lançamentos — não que isso seja algo inédito, já que a primeira trilogia foi aos cinemas nos anos 1970 e 1980, e a segunda só chegou no final dos anos 1990 —, uma parte razoável do público pode ficar confusa. Quem só conferiu o penúltimo filme, por exemplo, e (por algum motivo bizarro) não quis assistir aos demais, não vai sacar qual é o motivo de haver um episódio "3.5".
Por acaso, motivo este que polarizou o público mais do que esperado. Ele pode, como os filmes de super-herói que tivemos este ano, ser somente um caça-níquel mal feito, mas consegue convencer muito bem que era um longa necessário.
Talvez o tom/ritmo um pouco diferente do que tivemos nas três outras trilogias (no caso, só um "gostinho" da terceira com DdF) entregue o jogo. Contudo, ele ainda resgata um ar fantasioso e quase nostálgico a quem estiver familiar com o estilo de desenvolvimento da história de um Episódio III.
Rogue One tem tudo o que um bom fã gosta: batalhas aéreas, batalhas corpo a corpo, fugas eternas, personagens que sabem prender a atenção, cameos inesperados, referências explícitas e... okay, não tem Jedis, mas recebemos um bom substituto que trata a Força como religião — o que é incrível.

Visual e referências
Nostalgia e easter eggs definem Rogue One... mas fazer bonito em efeitos especiais nunca foi fácil. O que nunca falha é o deslize perfeito em cenas que saíram de uma arte conceitual: enquadramentos perfeitos, noção de grandeza (principalmente em cenas com a Estrela da Morte), apresentação de planetas ainda não conhecidos do público e atos heroicos muito bem executados, resultando em uma experiência cinematográfica excelente.
A necessidade de ser fiel aos efeitos clássicos foi deixada de lado, e Rogue lembra muito mais o estilo de A Vingança dos Sith (o que não é coincidência, afinal, ele se passa logo depois). Houveram menos efeitos práticos — construídos de verdade, como robôs, maquetes e naves em miniatura — e maior uso da computação gráfica — o "fundo verde" (ou chroma key) artificial que estamos tão acostumados a ver.
Você sabe que nada daquilo é real, portanto, não há uma imersão total no universo fantasioso de George Lucas. Essa ideia, retomada em 1999 com A Ameaça Fantasma, não tira a atenção, mas faz com que você separe bem o real do surreal, ao ponto de quase tornar-se "mais um blockbuster" que abusa de explosões e naves espaciais. O lado positivo disso? Ainda é Star Wars!!!
E, por sinal, essa é a chave para criar um bom público. Quer dizer, efeitos especiais e encher as "duas horas" de referências e easter eggs que poucos vão pegar. Alguns chamam de fan service, outros são surpreendidos e rendem-se ao sentimento de "ei, eu peguei essa referência!". E com alguns personagens recriados pratica e digitalmente, leites azuis e menções honrosas, sinto que o trabalho foi muito bem feito.

Atuação e dublagem
A seleção de elenco de Star Wars, como um todo, sempre foi bem feita. É rara a escolha de um ator que esteja no mainstream antes de atuar no filme em questão — como podemos lembrar de Harrison Ford, que não havia atuado em um grande papel até Uma Nova Esperança; Mark Hamill, que ainda não era conhecido como um dos melhores Coringas da história; e Carrie Fisher, que não lançou sucessos, mas ainda é um nome reconhecido na mídia.
Em Rogue One vemos um pouco do que tivemos no Episódio VII, já que a escalação traz atores de filmes de sucesso, com nomes que ainda "não estão na boca do público". Felicity Jones fez Inferno, Diego Luna atuou na animação Festa no Céu, e nomes como Forest Whitaker, Mads Mikkelsen e Alan Tudyk simplesmente dispensam apresentação.
Seus respectivos papéis foram bem escolhidos mas, em determinado momento, você sente a oportunidade para um background mais profundo dos protagonistas... e essa hora nunca chega, o que é comum em Star Wars, porém, essencial em um blockbuster dos dias de hoje.
Em relação a dublagem, devo dizer que fiquei surpreso. Primeiramente, compreendo que nada é comparável a obra original, com mixagem de som dedicada e perfeitamente refinada ao que estamos acostumados a conferir. Em filmes do mundo geek vemos que o cuidado ainda é grande, mas sinto que em Rogue o esforço pode não ter sido o suficiente. Destaque ao diretor Orson Krennic, que perdeu o tom sábio e autoritário na versão nacional, e Saw Gerrera, que, ao tentar lembrar a voz rouca de Forest Whitaker, falhou miseravelmente.

Conclusão
Rogue One sabe que não agradará a todos. Ele foi vendido desse jeito e boa parte dos fãs que ainda não assistiu não sabe que quer. É recomendado ter uma breve base do Universo Star Wars "em dia" antes de entrar na sala de cinema (ou, melhor do que isso, somente o Episódio IV creio que seja o suficiente) mas, em teoria, todo o tipo de público consegue acompanhar tranquilamente a narrativa principal.

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